As sete unidades frigoríficas da JBS em Mato Grosso do Sul vão paralisar operações a partir de amanhã, diante da insegurança jurídica criada pelos bloqueios de recursos da empresa, que somam R$ 730 milhões só no Estado.
A empresa teve o valor bloqueado judicial a pedido da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Irregularidades Fiscais de Tributárias, conduzida por deputados da Assembleia Legislativa.
A informação foi confirmada em nota da assessoria de imprensa do grupo.
Segundo a nota, os funcionários continuarão recebendo os salários, mesmo que a paralisação, por enquanto, é por tempo indeterminado.
A JBS informa que, em função da insegurança jurídica instalada em Mato Grosso do Sul, suas sete unidades de carne bovina no Estado estão com as atividades de compra e abate paralisadas por tempo indeterminado. Os colaboradores continuarão recebendo seus salários normalmente até que a companhia tenha uma definição sobre o tema. A JBS esclarece que está empenhando seus melhores esforços para a manutenção da normalidade das suas operações e trabalha para proteger seus 15 mil colaboradores diretos e 60 mil indiretos em Mato Grosso do Sul, informou a nota.
O produtor rural, e ex-presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Francisco Maia, também confirmou ter recebido a notícia da diretoria do grupo em São Paulo.
Eles comunicaram que vão cumprir todos os compromissos com os produtores rurais e pagamentos de bovinos já firmados, mas que a partir de amanhã suspendem as compras e também os abates no Estado, enfatizou.
Conforme Maia, a companhia alega que não pode trabalhar nesta instabilidade jurídica criada a partir das decisões de 1º instância na Justiça estadual que determinaram o bloqueio de recursos da empresa sem respeitar o acordo de leniência feito nacionalmente.
Maia destaca ainda que o grupo afirma que está impossível trabalhar no Estado, depois dos pedidos da CPI de bloqueio de bens.
PROTESTO NA ASSEMBLEIA
Aproximadamente dois mil trabalhadores de frigoríficos da JBS lotaram o plenário da Assembleia Legislativa, na manhã desta terça-feira (17). Temendo demissões em massa por causa do bloqueio judicial das contas da empresa, eles querem que os deputados estaduais intercedam em favor da categoria.
A ação tem impedido algumas atividades dos frigoríficos como, por exemplo, a compra de insumos.
"Estamos muito preocupados. Queremos montar comissão formada pelo governo do Estado, Legislativo, representantes dos trabalhadores, frigoríficos e representantes da avicultura para que seja debatido o desbloqueio das contas da empresa", disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Carnes e Derivados de Sidrolandia, Sérgio Lonzan.
Ontem, o secretário de Fazenda de Mato Grosso do Sul, Márcio Monteiro, tentou tranquilizar os trabalhadores.
Segundo ele, o risco de fechamento de plantas é pequeno. "Pode até reduzir um pouco o abate, porque vai ter uma readequação no mercado. Assim como outras empresas do setor, eles podem se manter sem usar outros artifício. O JBS é um grupo consolidado", afirmou.
Fonte: http://www.correiodoestado.com.br